O sequestro de Wellington José, irmão da dupla Zezé Di Camargo e Luciano, completa 25 anos como um dos episódios mais dramáticos da história policial brasileira. Wellington, que é paraplégico, passou 96 dias em cativeiro em um crime que mobilizou o país e gerou um embate público entre a família Camargo e o apresentador Ratinho.
Na época, os criminosos exigiam a quantia de 3 milhões de dólares para libertar a vítima. Enquanto a família e a Secretaria de Segurança Pública de Goiás tentavam reduzir o valor, Ratinho utilizou seu programa para lançar uma campanha de arrecadação por telefone, visando atingir o montante solicitado pelos bandidos.
A atitude, no entanto, foi considerada desastrosa pelas autoridades. Segundo registros da Folha de S.Paulo, os sequestradores estavam prestes a aceitar um pagamento de 300 mil dólares, mas recuaram imediatamente ao saberem da mobilização financeira na televisão. O então secretário de Segurança de Goiás, Demóstenes Torres, confirmou que a negociação estava avançada e foi interrompida logo após a exibição do programa.
Violência e tensão nos bastidores
O impacto da interferência foi imediato e cruel. Horas após a proposta de arrecadação ir ao ar, os sequestradores enviaram um pedaço da orelha esquerda de Wellington à sede de uma emissora de TV em Goiânia como forma de pressão. O gesto chocou a opinião pública e aumentou o desespero da família Camargo.
Diante do risco de morte e do retrocesso nas conversas, Zezé Di Camargo chegou a cogitar uma ação judicial contra Ratinho, conforme relatado pelo advogado dos cantores na ocasião. A família via na exposição midiática um combustível para a ganância dos criminosos, dificultando a resolução do caso.
Wellington José foi finalmente libertado apenas após o pagamento dos 300 mil dólares originalmente negociados. Ele foi deixado pelos bandidos em uma área entre Goiânia e Guapó, encerrando os mais de três meses de agonia que marcaram a trajetória da família.

