Testemunhas dizem que PM que atirou em atleta em Londrina assediava mulheres; defesa nega

Depoimentos de quatro testemunhas do incidente em que o atleta de kickboxing David Silveira foi baleado no abdômen, na noite de sábado (23), em um bar, disseram ao delegado do 5º Distrito Policial de Londrina, Magno Miranda, que o autor do disparo e amigos assediavam pessoas que estavam no estabelecimento, incluindo a namorada do instrutor de artes marciais.

O inquérito policial foi instaurado na segunda-feira (25) e, embora tenha um prazo de 30 dias, Miranda projeta uma conclusão em um período mais curto. Ele solicitou ao hospital o prontuário do atleta para avaliar a gravidade do ferimento.

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De acordo com o delegado, além da namorada do atleta, foram ouvidos funcionários e o proprietário do Bar do Japa, onde houve a confusão. “A motivação [segundo os testemunhos] foi um desentendimento que houve no estabelecimento onde estava o casal com essa pessoa [policial]. Houve troca de ofensas, o lutador teria agredido fisicamente e o PM efetuou um disparo”, resume os relatos.

Além das testemunhas, Miranda vai ouvir o próprio atleta, quando houver condição física para ser ouvido, e deve deixar o interrigatório do suspeito por último, o que daria a chance de esclarecer e se defender de todas as acusações feitas pelas testemunhas durante o inquérito. 

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A Polícia Civil também teve acesso a imagens de câmeras de segurança que registraram a movimentação da exaltação dos ânimos dos envolvidos, mas, não houve a captura do momento do disparo.

Em uma publicação nas redes sociais, familiares e amigos afirmam que, na noite dos fatos, ele estava com sua namorada no estabelecimento “quando um grupo de homens embriagados a assediou, fato que ocorreu com outras mulheres no local”. Ainda nas publicações, David e a namorada teriam decidido sair do local, mas, foram perseguidos, o que levou ao confronto que culminou no disparo contra ele.

Ainda segundo a publicação, o disparo atingiu a bexiga e os intestinos delgado e grosso. Ele passou por cirurgia de emergência e permanece internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Evangélico de Londrina, para onde foi encaminhado após ser levado para o HU (Hospital Universitário) – a assessoria de imprensa informou que a equipe médica do HU já estava atuando em uma cirurgia, como Silveira precisava de intervenção de emergência, foi redirecionado.

O comunicado nas redes sociais ainda afirma que o atleta está consciente, mas que seu estado de saúde ainda é grave e demanda cuidados médicos intensivos.

O comunicado ainda ressalta que “David nunca esteve envolvido em confusões e sempre foi reconhecido por sua postura ética, dentro e fora dos ringues, sendo uma referência no esporte que pratica”. Proprietário de uma academia de artes marciais na zona sul de Londrina, David Slveira tem títulos nacionais e internacionais de kickboxing.

A assessoria do Hospital Evangélico voltou a afirmar que não tem autorização para dar informações sobre o estado de saúde do paciente. A família deve manter amigos e seguidores informados pelas redes sociais.

Legítima defesa

Já a defesa do policial militar afirma que o que houve no estabelecimento foi uma mal entendido e o disparo caracteriza legítima defesa. Segundo o advogado Mauro Martins, o policial militar chegou ao estabelecimento  acompanhado de quatro colegas – um deles também levou a filha de 15 anos. Seria a primeira vez no bar e restaurante.

De acordo com Martins, a versão do policial é que, desde que chegou, percebeu olhares diretos por parte do atleta – a quem afirma não conhecer previamente. Ele teria confirmado a impressão com as outras pessoas em sua mesa. “[O policial] ficou preocupado, pensando que poderia ser alguém que já poderia ter abordado em serviço anteriormente”, diz o advogado.

À certa altura,  ainda na versão do policial à defesa, o atleta, ao deixar o local, teria se dirigido à mesa e perguntado, em voz baixa: “Não se lembra de mim?”, seguindo adiante. Após ver o atleta sair do salão, o policial também decide partir, mas, encontra-o no alto da escada. Neste momento, diz Martins, o atleta teria dito: “Não se lembra de mim? Agora vai lembrar!”, iniciando agressões.

O policial, então, caiu pela escada na saída do salão e, percebendo as habilidades do atleta, avisou que era policial e sacou a arma. Diante de nova investida escada abaixo, o PM teria mirado na perna  e disparado, de forma a neutralizar a ameaça. “Imediatamente, ele começa a acionar serviços de socorro, assim como a própria corporação. Ele não deixou de prestar socorro e entregou a arma voluntariamente ao oficial que atendeu à ocorrência”, diz Martins.

A defesa ainda nega que o PM tenha consumido bebida alcoólica na ocasião devido à adoção de medicamentos, como remédio para controle de pressão. 

Além da investigação pela Polícia Civil, a Polícia Militar instaurou um IPM (Inquérito Policial Militar) para apurar o caso. O oficial segue em serviço, executando atividades administrativas.

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