Norte do Paraná volta a ter rodovias pedagiadas a partir deste sábado

Desde a zero hora deste sábado (28), os motoristas que trafegarem pelas estradas do Lote 3 das Rodovias Integradas do Paraná voltaram a pagar pedágio. A chamada Malha Norte abrange 569 quilômetros e passa por 21 municípios, entre eles, Londrina, Cambé, Ibiporã, Tamarana, Mauá da Serra, Arapongas e Apucarana. Os valores das tarifas variam entre R$ 11,80 e R$ 12,80 para carros de passeio.

O trecho pedagiado faz a ligação do Norte do Estado com o eixo rodoviário da BR-277, chegando até o Porto de Paranaguá. O contrato de concessão inclui trechos da BR-369, BR-373, BR-376, PR-090, PR-170, PR-323 e PR-445.

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A gestão do Lote 3 é feita pela CCR PRVias, que administrará as cinco praças de pedágio existentes, em Ortigueira, Sertaneja, Imbaú, Witmarsum e Tibagi. Outros dois postos de cobrança deverão ser instalados, em Mauá da Serra e em Tamarana.

As duas novas praças deverão estar prontas para funcionamento em até 12 meses a partir da assinatura do contrato de arrolamento do Lote 3 à PRVias, que ocorreu em 8 de maio de 2025.

No último dia 16 de maio, a CCR iniciou o SAU (Serviço de Atendimento ao Usuário), com a disponibilização de 13 bases operacionais, socorro médico e mecânico 24 horas e a realização das obras iniciais previstas em contrato. Neste período que antecedeu o início da cobrança das tarifas, também foi feito o trabalho de orientação dos motoristas.

Os postos de cobrança voltaram a operar, efetivamente, neste sábado. Desde novembro de 2021, quando foram encerrados os contratos de concessão assinados no final da década de 1990, as rodovias incluídas no Lote 3 estavam sem cobrança de pedágio.

Após o encerramento dos antigos contratos, que vigoraram por 24 anos, a expectativa era de que as praças voltassem a funcionar em 2022, mas atrasos no cronograma dos leilões dos lotes retardaram o retorno da cobrança das tarifas.

Ao vencer o leilão do Lote 3, em dezembro do ano passado, a CCR PRVias divulgou que a proposta apresentada pela empresa aplicava um desconto de 26% no valor médio do pedágio, que correspondia ao ano base de 2023.

O atual contrato terá duração de 30 anos e, nesse período, está previsto um investimento de R$ 16,5 bilhões em obras. 

Os novos valores praticados nas cinco praças serão os seguintes: R$ 11,80 em Sertaneja; R$ 12 em Witmarsum; e R$ 12,80 em Ortigueira, Imbaú e Tibagi. Em uma viagem de Londrina a Curitiba, um carro de passeio irá pagar R$ 59,10 de pedágio. Motocicletas, motonetas, triciclos e bicicletas motorizadas estão isentos da tarifa.

O pagamento poderá ser efetuado por meio de TAGs de cobrança automática em pistas exclusivas, cartões de crédito ou de débito por aproximação e dinheiro. Pagamentos via PIX não são aceitos.

Descontos

Segundo a CCR, os clientes poderão ter até 90% de redução nas tarifas. A empresa prevê duas modalidades de descontos: o DUF (Desconto de Usuário Frequente) e o DBT (Desconto Básico de Tarifa). Para garantir o benefício, no entanto, os motoristas deverão utilizar a TAG eletrônica de pagamento automático.

No DBT, todos os automóveis que estiverem com a TAG garantem 5% de desconto na tarifa ao passarem pelas cancelas. Esse desconto é válido para qualquer tipo de veículo.

Caso o motorista use a mesma praça de pedágio durante um mesmo mês calendário, no mesmo sentido, ele conta com uma redução progressiva a cada novo pagamento, o DUF. Contudo, esse benefício está disponível apenas para automóveis, caminhonetes e furgões, com ou sem reboque ou semirreboque.

O DUF começa a ser aplicado a partir da segunda passagem pela mesma praça e no prazo de 30 dias, os descontos vão aumentando até o trigésimo pagamento, quando chega ao menor valor possível. Da 31ª vez em diante no mesmo mês, a tarifa se mantém com a redução máxima.

Em uma simulação feita pela própria concessionária, o motorista de um automóvel leve que passa pela praça de Sertaneja, onde a tarifa cheia custa R$ 11,80, terá um abatimento de 5% se utilizar a TAG, reduzindo o valor para R$ 11,21. Com o DUF, na segunda passagem, o desconto será de 12%, o que corresponde a R$ 10,38. A cada passagem na mesma praça e no mesmo sentido no período de 30 dias, a tarifa fica mais barata até o limite de R$ 1,19, que é o desconto máximo, de 90%, sobre o valor integral.

Na praça de Ortigueira, onde a tarifa cheia é de R$ 12,80, o desconto máximo, na trigésima passagem, chegará a 44%, caindo para R$ 7,14.  Em Imbaú, o menor valor será R$ 1,72, que corresponde a 87% sobre os R$ 12,80 da tarifa integral. Em Tibagi, onde o valor da tarifa cheia também é de R$ 12,80, o maior desconto chegará a 49%, reduzindo o preço do pedágio para R$ 6,59. Em Witmarsum, o maior abatimento será de 64% sobre os R$ 12 da tarifa, chegando a R$ 4,49. Todos esses valores são para veículos leves. 

A CCR PRVias alerta os motoristas para o limite de velocidade permitido nas praças de pedágio, de 40 km/h.

Anel de integração

No final dos anos 1990, quando as praças de pedágio do antigo Anel de Integração, idealizado pelo então governador Jaime Lerner, começaram a funcionar, a malha rodoviária paranaense estava em péssimo estado. A conservação da pavimentação teve melhorias importantes, mas logo depois as tarifas subiram a tal ponto que ficaram incompatíveis com a estrutura oferecida pelas concessionárias.

Caminhoneiros reclamam dos valores das tarifas.

Os valores das tarifas do pedágio divulgados pela CCR PRVias, que irá administrar as rodovias que cortam a Região Norte do Paraná, desagradaram os caminhoneiros, que esperavam descontos maiores.

Pelos novos valores, um caminhão bitrem, de sete eixos, deverá pagar cerca de R$ 84 para passar por cada um dos postos de cobrança do Lote 3. Um rodotrem, com nove eixos, terá de desembolsar mais de R$ 100 por praça. Em uma viagem entre Londrina e o Porto de Paranaguá, por exemplo, os caminhoneiros calculam uma despesa de cerca de R$ 600 apenas com o pedágio.

“Não houve desconto. Os valores atuais estão quase tão altos como no contrato anterior”, disse o presidente do Sindicam (Sindicato dos Transportadores Rodoviários de Londrina e Região) e da Fetrapar (Federação dos Transportadores Autônomos do Paraná), Carlos Roberto Dellarosa.

Do valor cobrado por um frete até Paranaguá, em torno de R$ 4 mil, Dellarosa afirma que cerca de 60% são gastos com combustível, 10% com os pedágios e 10% correspondem à comissão do motorista. O que sobra é a remuneração do dono do caminhão, que ainda tem os gastos com a manutenção do veículo. “Estamos sobrevivendo. Nossa legislação trabalhista exige os períodos de descanso, então os caminhoneiros não podem ganhar na quantidade de viagens. Com esse pedágio, vamos ter que aumentar o frete e a consequência vai ser a alta de todos os produtos nos supermercados”, adiantou o sindicalista.

Dellarosa também criticou os descontos, atrelados ao uso de TAGs. “Há um custo para a compra e manutenção dessas TAGs. No fim, na prática, o desconto será insignificante.”

Além de ficar marcado por cobrar os pedágios mais caros do país, as concessionárias responsáveis pela gestão das rodovias no contrato anterior, que vigorou por 24 anos, até novembro de 2021, foram alvo de denúncias de corrupção e encerraram a administração sem entregar uma série de obras, como duplicações.

“Pagamos por quase 25 anos por duplicações que não aconteceram, os valores não foram restituídos e agora, vamos ter de pagar novamente. Vai sobrar para todos os usuários, não só para os caminhoneiros. Nunca vi uma ação dos nossos políticos, nem do Ministério Público do Paraná ou do Ministério Público Federal para restituir esses valores. Onde está a cobrança de indenizações para o Paraná?”

A proposta das duas entidades representadas por Dellarosa é de que os valores pagos por obras que não foram entregues deveriam ser cobrados das antigas administradoras das rodovias e repassados às atuais para que fossem abatidos dos preços das tarifas. “Poderia reduzir o pedágio e cobrar um valor irrisório, como é em Santa Catarina.”

Contorno de Califórnia deve ser liberado em 2026

Ao longo de 30 anos, a CCR PRVias irá investir R$ 16,5 bilhões em obras de melhoria de infraestrutura viária, como contornos, duplicações e faixas adicionais, além da operação do serviço.

Antes da reativação das praças de pedágio, a empresa anunciou a execução de obras iniciais, com o objetivo de melhorar a segurança e a trafegabilidade nas estradas. Nessa etapa, foram feitas obras de pavimentação, tapa buraco das vias, revitalização das sinalizações horizontal e vertical, supressão da vegetação e desobstrução dos sistemas de drenagem.


Posteriormente, a empresa deverá iniciar outras melhorias previstas em contrato, que incluem a execução de 61,6 quilômetros de obras de contornos viários para aumentar a fluidez no tráfego de veículos. Entre essas obras, estão o contorno de Apucarana, com prazo de entrega para 2027, o contorno de Califórnia, que deverá ser finalizado no ano que vem, e os contornos norte e leste de Ponta Grossa, com entrega prevista para 2027 e 2028, respectivamente.

O contrato de concessão também prevê 132,6 quilômetros de duplicação de vias, a implantação de 24,6 quilômetros de faixas adicionais, 61,7 quilômetros de novas marginais e 92 dispositivos e intersecções, novos e remodelados, além de outras melhorias, como passarelas de pedestres, áreas de escape, paradas de descanso, ciclovias, pontos de ônibus e passagens de fauna.

O projeto também inclui a instalação de câmeras com tecnologia OCR para reconhecimento de placas e detecção automática de incidentes, painéis de mensagem variável, sistema de pesagem automático e monitoramento meteorológico. A conectividade será garantida em toda a concessão. Além disso, haverá iluminação de 14,9 quilômetros no trecho de serra.

Cidadão pode ajudar a fiscalizar

No último dia 10 de junho, foi lançado no Paraná o Observatório dos Pedágios, uma plataforma virtual desenvolvida pelo Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná). O objetivo é facilitar para todos os cidadãos o monitoramento e a fiscalização dos contratos de pedágio. O endereço é o www.observatoriodospedagios.org.br.

Uma das funcionalidades da plataforma será o acompanhamento detalhado de cada obra prevista no contrato de cada lote. “As principais obras são os contornos Norte e Leste, em Ponta Grossa, o contorno em Apucarana e um universo de 80 viadutos novos. Será um viaduto a cada sete quilômetros e a população paranaense vai poder acompanhar todas as obras, de forma didática e com georreferenciamento e o valor de cada uma”, destacou o superintendente da Fiep, João Arthur Mohr.

A plataforma reúne planilhas, documentos e contratos para tornar o modelo de pedágio o mais transparente possível e evitar as falhas observadas no contrato assinado no final da década de 1990. “Os contratos anteriores eram considerados uma caixa preta. Eram ruins e inacessíveis.”

Diante da boa receptividade dos paranaenses à iniciativa, a Fiep estuda desenvolver plataformas semelhantes para controle de outras concessões públicas, como dos portos, ferrovias, aeroportos.

Fonte: Simoni Saris – Grupo Folha

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