O Lago Igapó 2, localizado na Zona Sul de Londrina, chamou a atenção de quem passou pelo local na manhã desta quinta-feira (4). A água do cartão-postal, já imprópria para nado, está com coloração verde-escura. O motivo da mudança pode levar à morte dos peixes e outras espécies aquáticas que lá habitam. A Sema (Secretaria Municipal do Ambiente) já investiga o caso.
A ausência de chuvas é a principal causa da alteração, com uma sequência de fatores até chegar ao esverdeamento da água. A seca foi acentuada nos meses de julho e agosto, com o índice pluviométrico na região de Londrina bem abaixo da média histórica e setembro seguindo essa tendência.
Segundo o secretário municipal do Ambiente Gilmar Domingues, a falta de precipitação levou a um menor volume de água no Igapó, ocasionando em uma maior incidência de luz solar no corpo hídrico. Com isso, aumentou o número de nutrientes presentes no lago, o que favoreceu a proliferação de algas e a coloração turva.
Domingues informou que o quadro está, “infelizmente”, caminhando para a eutrofização, quando a maior quantidade de algas leva a diminuição de oxigênio dissolvido e, por sua vez, à morte das espécies que vivem no lago. “O risco de mortandade de peixes e outras espécies aquáticas é muito grande. Para os banhistas, os riscos são de contaminação”, afirmou.
Cor mais intensa
Resumindo a cadeia de ações, o secretário elencou: “escassez hídrica, diminuição da lâmina d’água (pela atuação da luz solar), oferta exacerbada de nutrientes – possivelmente esgoto clandestino -, redução da velocidade de escoamento das águas, surgimento de algas e diminuição de oxigênio dissolvido”.
Acrescentou ainda que, “por se tratar de um sistema semi lótico (corpo hídrico represado), a maior concentração de nutrientes fica nos barramentos, logo, a cor verde escuro é mais intensa na barragem do Lago 2”.
Soluções
Domingues completou dizendo que a Secretaria, no momento, está “apenas monitorando, mas estaremos acionando os técnicos do IAT (Instituto Água e Terra) para buscarmos soluções conjuntamente”. Ele não soube informar se a mudança da coloração ocorreu nos demais lagos da cidade, mas afirmou que uma vistoria será realizada nesta sexta (5).
Para normalizar o cenário, aumentando o oxigênio da água, uma possível solução seria instalar um sistema de aeração. Uma bióloga da Sema está verificando as possibilidades para retomar o controle biológico, para que uma decisão seja tomada entre os próximos dias.
O secretário antecipou que, no momento, o órgão não possui recursos e aeradores próprios para colocar em prática a solução escolhida.
Heverly Morais, agrometeorologista do IDR-Paraná, considerou crítica a situação que Londrina enfrenta com relação à pluviosidade, afirmando que “faz dois meses que não chove quase nada”.
A média histórica de julho é de 66,7 mm (milímetros), sendo que, neste ano, o mês registrou apenas 23 mm, 34% do que era esperado. “Choveu muito pouco e essa chuva foi tudo em dois dias, no dia 27 e 28. Foi um mês realmente muito seco, agosto foi pior ainda”, pontuou Morais. Em agosto, que possui média histórica de 56,2 mm, choveu somente 7,6 mm.
A meteorologista disse que a previsão do tempo para os próximos dias também é de estiagem. Para sexta e o fim de semana, as temperaturas vão variar de 18°C a 33°C, sem incidência de precipitação. Também não deve chover na semana que vem, que vai contar com uma amplitude térmica grande. “Não tem previsão de chuva, nem no cenário mais distante. Esse quadro de seca vai continuar para os próximos dias”, informou.