Um menino de apenas três anos morreu após ser picado por um escorpião em Cambará. A criança deu entrada no pronto socorro do Hospital Municipal de Cambará (Norte Pioneiro) às 8h45 do domingo (13) e foi transferida por volta das 10h17 para o Santa Casa de Jacarezinho, hospital de referência na 19ª Regional de Saúde, com o agravamento do caso. Lá, recebeu o soro antiescorpiônico, mas precisou ser transferido novamente para o HU (Hospital Universitário) de Londrina, onde morreu na segunda-feira (14).
A diretora do Hospital Municipal de Cambará, Izabel Cristina Sencio Pucci explica que ao chegar na unidade o paciente já foi encaminhado para sala de emergência, mas apresentava sinais vitais normais e não tinha febre. Após avaliação médica, já foi feito o contato às 9h02 com a Santa Casa de Jacarezinho para a transferência da criança, que aconteceu às 10h17.
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Entretanto, a diretora aponta que a evolução do quadro foi muito rápida e, em poucos minutos após a entrada do paciente, a criança começou a apresentar sinais de agitação psicomotora. A picada foi no segundo dedo do pé esquerdo. “Todos os recursos que tínhamos foram aplicados de forma rápida ao paciente”, afirma a Pucci.
Secretário de Saúde de Cambará, Ronaldo Guardiano esclarece que a cidade não conta com soro antiescorpiônico e que, por isso, o menino foi transferido para Jacarezinho. Lá, ele afirma que a criança recebeu o soro mas, diante da gravidade, precisou ser novamente transferido de helicóptero para o HU de Londrina. Ele deu entrada ainda no início da tarde de domingo, por volta das 14h, mas faleceu na tarde de segunda-feira, às 16h.
“As complicações pelo envenenamento levaram à parada cardiorrespiratória e, mesmo com toda assistência da equipe multiprofissional, foi constatado o óbito”, explicou o hospital em nota encaminhada pela assessoria de comunicação.
Guardiano detalha que a família chegou ao pronto socorro já comunicando a respeito da picada do animal peçonhento, que depois foi identificado como um escorpião-amarelo. O secretário ainda complementa que cobrou o envio de soro contra animais peçonhentos para o serviço de saúde da cidade em uma reunião no dia 26 de junho, o que foi negado. Ele aponta que a 19ª Regional de Saúde não fornece o soro antiescorpiônico para os municípios que englobam a rede, apenas para o hospital de referência que, no caso, fica em Jacarezinho.
O secretário explica que a cidade já registrou outros casos envolvendo picada de escorpião, mas garante que esse é o primeiro óbito. Segundo ele, a maioria dos casos envolve pessoas adultas e que, por vezes, não precisam do soro.
Inclusive, na segunda-feira, um idoso deu entrada no serviço médico de saúde do município também por picada de escorpião, mas tomou antialérgicos e ficou em monitoramento, sendo liberado na sequência.
Soro antiescorpiônico
De acordo com o Instituto Butantan, o soro antiescorpiônico neutraliza o veneno que está em circulação, mas reforça que a aplicação deve ser o mais rápido possível após a picada do animal peçonhento.
“No organismo humano, o veneno dos escorpiões causa alterações na região da picada, principalmente dor. O veneno age também no sistema nervoso autônomo, que controla a temperatura corporal e as funções de digestão, respiração e circulação sanguínea. Desta forma, o paciente pode apresentar náuseas e vômitos, dor abdominal, agitação, aumento na pressão sanguínea que pode posteriormente evoluir para queda e mesmo choque. A lesão cardíaca provocada pelo veneno pode dificultar o bombeamento do sangue pelos pulmões, com acúmulo e dificuldade respiratória”, explica o instituto.
Nos últimos cinco anos
De acordo com o Hospital Universitário de Londrina, o CIATox (Centro de Informações e Assistência Toxicológicas) atendeu 1.926 casos de picadas de escorpião nos últimos cinco anos. Os dados são de 2021 e vão até o dia 14 de julho de 2025. A grande maioria dos casos envolve o escorpião-amarelo, com 1.257 ocorrências.
Além do menino de três anos, outras duas pessoas morreram por conta do veneno: uma criança de 10 anos, moradora de Sertaneja (Norte), e uma pessoa de 46 de Guaraci (Centro-Norte), ambos os casos registrados em 2021.
Prevenção e cuidados
Em casos de acidente envolvendo animais peçonhentos, a recomendação é lavar o local com água e sabão e beber somente água para manter uma boa hidratação. Na sequência, a pessoa deve ser encaminhada com urgência para a unidade de saúde mais próxima para receber o atendimento médico adequado.
Se for possível capturar o animal, é recomendado levá-lo junto, mesmo se estiver morto, ou fazer uma foto de boa qualidade para identificar o tipo e a espécie do animal.
Como a prevenção é sempre a melhor opção, a orientação é manter a casa e o quintal sempre limpos e livres de entulho e lixo. O ideal é usar luvas e botas antes de mexer no quintal, principalmente se estiver próximo de matas, pomares e nas margens de rios e lagos.
Eliminar as baratas também ajuda a evitar que os escorpiões apareçam, já que é o alimento preferido dos escorpiões. Além disso, é recomendado examinar os calçados e roupas antes de vesti-los e vedar soleiras de portas, frestas em janelas, buracos em paredes e em assoalhos que permitam a entrada desses animais dentro de casa.