Na última Sessão Ordinária de 2025, realizada na noite de segunda-feira (15), o prefeito de Ibiporã, José Maria Ferreira (PSD), ocupou a tribuna da Câmara Municipal para apresentar um amplo balanço da gestão e dos resultados do ano. A exposição foi acompanhada de uma apresentação técnica com gráficos e indicadores oficiais, na qual o gestor destacou avanços em transparência, capacidade de pagamento, qualidade da gestão fiscal, crescimento de receitas e investimentos, além de projetar um robusto pacote de obras e ações estruturantes para os próximos anos.
Segundo o prefeito, o desempenho atual de Ibiporã “não é fruto do acaso”, mas resultado da “unidade entre Executivo e Legislativo” e de uma administração baseada em planejamento, responsabilidade e transparência.
Transparência, gestão fiscal e indicadores nacionais
Ao abrir a apresentação, José Maria detalhou a evolução recente de Ibiporã em diferentes índices nacionais de avaliação de gestão pública.
· Índice de Transparência Pública (Atricon/Tribunais de Contas)
Pela primeira vez, o Poder Executivo de Ibiporã recebeu o selo Diamante, faixa mais alta do Programa Nacional de Transparência Pública. Em 2025, o município atingiu 96,64% de atendimento aos critérios avaliados, ocupando a 15ª colocação entre as prefeituras paranaenses monitoradas. Entre os municípios comparados pela gestão, Ibiporã aparece à frente de Londrina, Cascavel, Toledo, Pato Branco, Marechal Cândido Rondon, Francisco Beltrão, Medianeira e outros.
Índice FIRJAN de Gestão Fiscal (IFGF)
O resultado de 2024, divulgado em 2025, mostra que Ibiporã alcançou seu melhor desempenho histórico, com nota 0,9515 (em escala de 0 a 1), passando a ocupar a 196ª posição no Brasil e a 26ª no Paraná. No comparativo apresentado com 20 municípios de referência, Ibiporã figura como 2º melhor índice, atrás apenas de Marechal Cândido Rondon.
Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC – Agenda 2030)
Com pontuação 57,17, Ibiporã está na faixa de “desenvolvimento sustentável médio”, ocupando a 546ª posição nacional e a 32ª no Paraná, em quinto lugar no grupo de cidades comparadas.
Índice de Gestão Municipal Áquila (IGMA) / Prêmio Band Cidades Excelentes
No IGMA, que avalia seis pilares (governança e transparência, educação, saúde, infraestrutura, sustentabilidade e desenvolvimento socioeconômico), Ibiporã atingiu 69,28 pontos em 2024, ocupando a 13ª posição entre os municípios utilizados como referência na apresentação. O pilar de Governança, Eficiência Fiscal e Transparência destacou o município para o Prêmio Band Cidades Excelentes.
Capacidade de Pagamento (CAPAG – Tesouro Nacional)
O prefeito também ressaltou a boa avaliação do município na CAPAG, instrumento utilizado pela Secretaria do Tesouro Nacional para medir a saúde fiscal de estados e municípios e autorizar operações de crédito com garantia da União. Ibiporã apresenta nota “A”, com indicadores de endividamento, poupança corrente e liquidez em patamar considerado seguro.
De acordo com José Maria, esses resultados foram decisivos para a aprovação, em prazo reduzido, do financiamento junto ao programa FENISA, com juros mais baixos e aval da União, destinando R$ 75 milhões a obras estruturantes.
Evolução das receitas e composição das fontes de recursos
A apresentação trouxe uma série de gráficos sobre a evolução das finanças municipais. Segundo os dados exibidos, a receita total de Ibiporã cresceu de R$ 136,8 milhões em 2016 para R$ 335,2 milhões em 2024, com valor parcial de R$ 327,6 milhões em 2025 (até 15 de dezembro, devendo ainda sofrer alterações até o fechamento do exercício).
Na comparação entre 2024 e 2025, a receita apresentou queda de 2,28%, influenciada principalmente pela redução de operações de crédito e de algumas transferências correntes. A decomposição das receitas em 2025 mostra o seguinte quadro:
- 67,7% – Transferências correntes (ICMS, FPM, IPVA, entre outras);
- 23,7% – Impostos, taxas e contribuições de melhoria;
- 3,7% – Receita patrimonial;
- 2,2% – Contribuições;
- demais itens distribuídos em receitas de serviços, alienação de bens, transferências de capital e operações de crédito.
“Menos de um quarto da nossa receita vem de impostos municipais”, enfatizou o prefeito, ao comentar o gráfico de pizza projetado no plenário.
Em relação a algumas receitas específicas, o demonstrativo exibido apontou que:
- o IPTU passou de R$ 20,11 milhões (2024) para R$ 20,59 milhões (2025), crescimento de 2,38%, mas ainda abaixo da previsão da LOA (R$ 21,29 milhões);
- o Imposto de Renda retido na fonte subiu de R$ 17,88 milhões para R$ 19,89 milhões (+11,26%), superando em mais de R$ 7 milhões a estimativa orçamentária;
- o FPM evoluiu de R$ 57,72 milhões para R$ 60,45 milhões (+4,72%), também acima do previsto;
- a cota-parte do ICMS sofreu queda de 5,46%, passando de R$ 81,06 milhões para R$ 76,63 milhões;
- a cota-parte do IPVA recuou 2,04%, reflexo da redução de alíquota e de mudanças na legislação estadual.
O prefeito advertiu que, com a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e a redução do IPVA no Paraná, há tendência de queda nessas duas receitas nos próximos exercícios, o que exige planejamento para manter o equilíbrio das contas públicas.
Despesas, limites constitucionais e volume de investimentos
No bloco seguinte, José Maria apresentou a evolução das despesas liquidadas desde 2016. Em 2024, o montante ficou em torno de R$ 322,8 milhões; em 2025, até meados de dezembro, a despesa liquidada somava R$ 290,9 milhões, indicando redução de 12,61% em relação ao ano anterior, ainda pendentes a folha de dezembro e o 13º salário.
A composição das despesas em 2025, de acordo com o gráfico de pizza apresentado, é a seguinte:
- 47,3% – Pessoal e encargos sociais;
- 39,1% – Outras despesas correntes (custos de manutenção dos serviços);
- 12,3% – Investimentos;
- parcela residual destinada a amortização, juros e encargos da dívida.
Os números comparativos entre 2024 e 2025 indicam:
- queda de 10,80% em despesas com pessoal e encargos;
- pequena redução (–1,36%) em outras despesas correntes;
- redução expressiva em investimentos (de R$ 61,08 milhões para R$ 35,89 milhões, –41,24%), explicada em parte pela conclusão de grandes obras em 2024 e pela transição de contratos;
- aumento na amortização e nos juros da dívida, compatível com o início de pagamento de novos financiamentos.
Sobre os limites constitucionais de aplicação mínima em educação e saúde, o prefeito exibiu tabela com a série histórica. Entre 2016 e 2024, Ibiporã sempre aplicou acima dos percentuais mínimos exigidos (25% em educação e 15% em saúde). Em 2025, os índices parciais indicam 24,92% em educação e 24,32% em saúde, devendo ser ajustados para cima com o lançamento das folhas de dezembro e do 13º salário, mantendo a tradição de cumprimento e superação das metas. Na parte final desta seção, chamou atenção o gráfico de investimentos liquidados: de R$ 23,78 milhões em 2016, houve oscilações ao longo da série, com picos em 2022 (R$ 25,67 milhões) e 2024 (R$ 61,08 milhões), e valor parcial de R$ 35,89 milhões em 2025. No acumulado entre 2021 e 2025, o município já liquidou cerca de R$ 154 milhões em investimentos, número que, segundo o prefeito, evidencia o esforço da gestão em transformar capacidade fiscal em obras e serviços concretos.
Inclusão na educação, ampliação de serviços e impacto na folha
Retomando a fala apresentada inicialmente, José Maria relacionou os dados fiscais à expansão de políticas públicas, especialmente na educação inclusiva. Entre 2021 e 2025, o número de estudantes com atendimento individual ou especializado passou de 72 para mais de 500, muitos com professor exclusivo em sala, o que exige ampliação de quadro e formação continuada.
Ele citou ainda a necessidade de contratações pontuais na saúde – como a inclusão de 12 servidores na farmácia municipal – para garantir a continuidade e a melhoria dos serviços, reforçando que “serviço público é, por essência, prestação de serviço à população, e isso se faz com pessoas qualificadas”.
Esporte, cultura e juventude: investimento como política de prevenção
O prefeito dedicou parte significativa da exposição ao esporte e à cultura, que, para ele, “não são gastos, mas investimentos em prevenção, saúde e formação cidadã”.
Ele lembrou que Ibiporã hoje oferece uma ampla gama de modalidades – futsal, futebol, atletismo, ginástica rítmica, vôlei, basquete, xadrez, judô, karatê, capoeira, tênis de mesa e de campo, tiro com arco, entre outras – e que as escolinhas de futsal atendem mais de 300 crianças. Projetos como a Copa das Cores, o Bolsa Atleta e o fortalecimento do Munhecão como palco de grandes competições foram citados como exemplos de políticas que aproximam crianças e jovens do esporte de rendimento e de formação.
Ao comentar as recentes conquistas da equipe de futsal Ibiporã Multibelt Sub-18 (campeã paranaense) e da equipe de tiro com arco, José Maria afirmou que “nunca se investiu tanto em esporte e cultura” no município, e que esse caminho é decisivo para enfrentar desafios contemporâneos da juventude, como sedentarismo, uso excessivo de telas e vulnerabilidade social.
Empréstimos, IPTU e atualização da Planta Genérica de Valores
Em um dos trechos mais sensíveis da fala, o prefeito abordou os empréstimos contratados e a atualização da Planta Genérica de Valores (PGV), tema que gerou debates intensos na Câmara.
Ele reforçou que os financiamentos aprovados – como os R$ 75 milhões do FENISA – serão integralmente destinados a obras estruturantes, citando, entre outros, a conclusão da Avenida Londrina, a pavimentação da estrada do Saltinho, ligações ao Parque Industrial, intervenções em bairros e áreas rurais, e projetos de turismo.
Sobre o IPTU e a PGV, José Maria argumentou que a correção não se destina a “pagar empréstimo”, mas a corrigir injustiças fiscais e atender recomendações de órgãos de controle. Exemplificou com o caso de lotes avaliados em valores muito diferentes em bairros com características semelhantes, como Canaã e Progresso, e destacou que o município estava há mais de uma década sem atualização sistemática da planta.
“Para quem não quer compreender, não há data boa. Mas quem governa precisa ter responsabilidade com o futuro da cidade”, afirmou, agradecendo aos vereadores que aprovaram o projeto e classificando a decisão como passo importante para garantir “desenvolvimento firme e seguro” para Ibiporã.
Obras em andamento e visão de futuro até 2028
Na parte final da apresentação, o prefeito traçou um panorama das obras em execução e dos projetos estruturantes previstos até 2028, em áreas como mobilidade urbana, turismo, saneamento, saúde e educação. Entre os principais destaques, estão:
- conclusão e prolongamento da Avenida Londrina até a BR-369 e até o Parque Industrial;
- pavimentação de ligações estratégicas, como a estrada do Saltinho (até a PR-090) e da região do Guarani;
- estruturação do Parque Geminiano Momesso, com potencial de receber cerca de 250 mil visitantes por ano;
- desenvolvimento de roteiros de turismo religioso na região do pico do Guarani;
- conclusão do Lago dos Tucanos, com obras complementares até 2027;
- implantação de planetário e observatório astronômico, investimento estimado em mais de R$ 9 milhões, com foco em ciência, educação e turismo;
- novas unidades e ampliações na rede de saúde e rede escolar;
- investimentos da ordem de R$ 35 milhões em saneamento, com redes de água e esgoto, novas Estações de Tratamento e sistemas de segurança energética para o SAMAE.
Segundo José Maria, a soma dos investimentos realizados e programados entre 2021 e 2028 deve superar R$ 300 milhões, sem contar o volume adicional viabilizado pelos financiamentos contratados. “Ibiporã será outra cidade em 2028, em infraestrutura, oportunidades e qualidade de vida”, resumiu.
Chamado à união e mensagem de fim de ano
Encerrando a fala, o prefeito agradeceu aos vereadores pelo diálogo mantido ao longo do ano, aos servidores municipais pelo empenho diário e à população pela confiança. Reforçou que o Legislativo tem papel essencial na construção desse projeto e que a união entre os poderes é condição para que os grandes planos saiam do papel.
Dirigindo-se aos ibiporaenses, deixou uma mensagem de Natal e Ano Novo, conclamando a sociedade a olhar para os resultados já alcançados e, principalmente, para o horizonte de oportunidades que se abre com os projetos em curso:
“Quem quer ver o futuro não olha no retrovisor, olha no horizonte. A minha administração tem sido sempre com o olhar no horizonte. Que a cidade possa vibrar com o nosso Natal, sentir o valor do que está sendo construído e, juntos, possamos avançar, avançar, avançar.”

