Completando 45 dias de reforma nesta segunda-feira (1º), o Jardim Botânico de Londrina, zona sul, recebeu a visita técnica do secretário Rafael Greca, da Sedest (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Sustentável).
O trabalho é emergencial, contemplando a revitalização das estruturas mais avariadas, como a estufa, sede administrativa e o lago. O custo é de R$ 2,3 milhões ao IAT (Instituto Água e Terra), órgão responsável pelo Jardim e vinculado à Sedest. A pretensão é terminar a primeira etapa das readequações em dois meses.
Gestão Municipal
O prefeito Tiago Amaral (PSD) acompanhou a vistoria de Greca, detalhando que a próxima fase da reestruturação está em fase de projetos, com a licitação prevista para ser anunciada nos próximos meses. A reforma completa do espaço, divulgada pelo Governo do Estado em junho deste ano, tem prazo de conclusão de 14 meses, sem valor de investimento definido. Com o avanço, o objetivo é colocar em prática o plano da Prefeitura de Londrina assumir a gestão do Jardim.
“Os nossos órgãos técnicos trabalharam bastante na construção de um convênio, de um termo de parceria, que vai nesse primeiro momento fazer uma gestão compartilhada entre o Estado do Paraná e a Prefeitura, para a gente de fato gerir o nosso Jardim Botânico”, pontuou.
Amaral completou que ficará “a cargo da cidade de Londrina a responsabilidade desse dia a dia, numa participação e parceria com o Estado, fornecendo também as equipes técnicas e as equipes de trabalho para fazer essa manutenção”.
O “grand finale” da revitalização, como o prefeito descreveu, será trazer as estruturas faltantes consideradas necessárias. “A gente sente falta aqui de um espaço de café, um espaço de convívio, de mais flores, de mais espaços temáticos realmente. Estamos discutindo isso para definir os valores finais”.
Custo ao Estado
Mesmo com a futura gestão compartilhada da unidade de conservação, a reforma deverá ser totalmente custeada pelo Estado, devido a falta de recursos do município. “Nesse momento em que Londrina tem uma capacidade de investimento baixa, a nossa receita não permite grandes investimentos por parte do município, infelizmente. A expectativa realmente é que isso (investimento) saia do Governo do Estado”, informou Amaral.
Visita
Acompanhado de Amaral e da coordenadora do Núcleo Regional da Casa Civil em Londrina, Sandra Moya, Greca passeou em um carrinho de golfe pelas estruturas que estão sendo contempladas pela revitalização.
O foco principal é a estufa, que fica próxima à porção inferior do lago e nunca comportou planta alguma. Há anos ela vinha perdendo os vidros por conta da amplitude térmica que a cidade registra. “Por causa do calor de Londrina e como as esquadrias da época não eram tão flexíveis ou maleáveis quanto as que existem mais modernamente, os vidros começaram a estourar”, justificou Greca.
A retirada das peças foi iniciada no dia 15 de julho, com os trabalhadores da System Seg Serviços LTDA, empresa contratada para revitalizar o Jardim, reaproveitando as que não possuíam danos. Com todos os vidros retirados há semanas, um trabalhador ouvido pela reportagem nesta segunda informou que a fase atual é a limpeza do espaço.
Galeria
A estufa será transformada em uma galeria com exibição de diferentes espécimes botânicos, planeja Greca. “Eu vou pôr a flora da mata tropical do Rio Ivaí, todas as árvores da Mata Atlântica do Rio Paraná, que era a cobertura vegetal antiga de Londrina. No meio do caminho vou fazer uma carreira de pés de café, porque Londrina foi a capital do café”, antecipou à reportagem em julho.
O secretário se inspira no projeto do Jardim Botânico de Curitiba, afirmando que “a ideia é fazer a mesma coisa aqui”. “Lá fiz uma Galeria das Quatro Estações, galeria aberta que mistura o telhado solar com as laterais para espaço de exposição e com a vegetação na área sombreada. Juntamos a isso um café da Fecomércio, do Sesc, e uma área de pintura botânica com um núcleo de senhoras que pintam a vegetação e, com isso, fazem dinheiro também para manter o local”, pontuou.
Greca acrescentou que pretende “fazer um grande memorial dos 90 anos de Londrina”, que é comemorado no dia 10 de dezembro. “A ideia é fazer um pouquinho de cada vez e no fim teremos feito aquilo que parecia impossível, a natureza vai fazer o resto”, almejou.
Represa por represa
A ponte que liga os dois lados da unidade de conservação, que estava fechada desde 2023, foi reaberta durante a vistoria nesta segunda. Já o lago, que corta uma grande extensão do Jardim Botânico com represas menores, está na fase inicial da revitalização.
Nas duas últimas visitas da FOLHA ao espaço, em 8 de julho e 22 de agosto, as porções inferiores, próximas à estufa, estavam com pouco volume d’água, vegetação seca e lixo de visitantes. O trabalho foi iniciado nas represas acima da estrutura, que estão sendo esvaziadas uma por uma para que a impermeabilização ocorra. O objetivo é proteger o corpo d’água contra vazamentos e infiltrações.
A sede administrativa do espaço, que fica próxima à entrada, teve os pisos de madeira substituídos por porcelanato. O projeto prevê ainda reparos elétricos e a reforma de caminhos, fontes, da casa dos terceirizados e do anfiteatro externo.
Histórico
Alvo de reclamações por parte dos visitantes, o Jardim Botânico foi criado por decreto, em 2006, para ser uma unidade de pesquisa e conservação de espécies nativas e exóticas do Paraná, voltado à proteção e cultivo de espécies silvestres. Ele é dividido em cinco jardins temáticos, que abrigam diferentes tipos de plantas.
Com 97 hectares de área, a unidade foi aberta ao público oficialmente em 2013, sem nunca ter sido completamente finalizada.